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segunda-feira, 29 de maio de 2006

Romaria

Em maio de 1977, a Rádio Jovem Pan iniciou no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo, uma série de shows intitulada “O Fino da Música”, sob o comando de Zuza Homem de Mello. No dia 27 de julho, Elis Regina, grávida de sete meses, cantaria em “O Fino da Música n° 3” para uma platéia de três mil e quinhentas pessoas. Neste espetáculo seria lançada “Romaria”, do compositor/cantor Renato Teixeira, um paulista de Taubaté.

Uma toada mística sobre um caipira, herege arrependido, que busca a paz na igreja, “Romaria” impressiona principalmente pelo refrão, que desenvolve um curioso jogo de palavras: “Sou caipira, Pirapora nossa / Senhora de Aparecida / ilumina a mina escura e funda / o trem da minha vida.” Esses e outros versos, tipo “quebra-língua” (“é de laço e de nó / de gibeira o jiló dessa vida”), elogiados como poesia concreta por Augusto de Campos, foram feitos em menos de meia hora, numa época (anos setenta) em que Renato morava em São Paulo e dedicava-se à criação de jingles. Foi no estúdio em que eram gravados os jingles que ele conheceu Elis e César Camargo Mariano.

“Romaria” nasceu das lembranças de episódios de fé religiosa presenciados pelo autor em Aparecida do Norte. Integrando com mais sete composições uma fita gravada a pedido de Elis, a canção seria, juntamente com “Sentimental Eu Fico”, por ela escolhida para entrar em seu elepê de 1977. Gravadas as músicas em dois dias seguidos, Elis chamaria Renato para regravar “Romaria”, desta vez com os componentes do seu Grupo Água, o que daria maior autencidade à gravação.

Lançado o disco, a toada tornou-se rapidamente um clássico do gênero sertanejo, território no qual ninguém jamais imaginaria que uma cantora como Elis Regina pudesse penetrar sem o risco de parecer caricatural. Seu sucesso com “Romaria” valeu assim como um toque antecipado do surto expansionista da música caipira além de suas fronteiras naturais, que aconteceria anos depois. Tornou conhecido, ainda, o nome de Renato Teixeira, ao lado de tantos outros por ela projetados como Milton Nascimento, Ivan Lins, Belchior e a dupla João Bosco-Aldir Blanc (A Canção no Tempo – Vol. 2 – Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello – Editora 34).

Romaria (1977) - Renato Teixeira
(Introdução 2x): D   G

D G D G
É de sonho e de pó, o destino de um só,
D F#7 Bm F#7
feito eu perdido em pensamentos, sobre o meu cavalo
Bm E Bm E
É de laço e de nó, de gibeira o jiló
Bm F#7 Bm B7
dessa vida, cumprida a só


(Refrão):
G A7 D F#7 Bm
Sou caipira , pirapora nossa, Senhora de, Aparecida
G A7 D D7
Ilumina a mina escura e funda, o trem da minha vida
G A7 D F#7 Bm
Sou caipira , pirapora nossa, Senhora de, Aparecida
G A7 D4(7/9)
Ilumina a mina escura e funda, o trem da minha vida


D G D G
O meu pai foi peão, minha mãe solidão
D F#7 Bm F#7
Meus irmãos perderam-se na vida, a custa de aventuras
Bm E Bm E
Descasei, joguei, Investi, desisti
Bm F#7 Bm B7
Se há sorte, eu não sei, nunca vi


(Refrão):
G A7 D F#7 Bm
Sou caipira , pirapora nossa, Senhora de, Aparecida
G A7 D D7
Ilumina a mina escura e funda, o trem da minha vida
G A7 D F#7 Bm
Sou caipira , pirapora nossa, Senhora de, Aparecida
G A7 D4(7/9)
Ilumina a mina escura e funda, o trem da minha vida


D G D G
Me disseram porém, Que eu viesse aqui
D F#7 Bm F#7
Prá pedir de romaria e prece, paz nos desaventos
Bm E Bm E
Como eu não sei rezar, só queria mostrar
Bm F#7 Bm B7
Meu olhar, meu olhar, meu olhar


(Refrão):
G A7 D F#7 Bm
Sou caipira , pirapora nossa, Senhora de, Aparecida
G A7 D D7
Ilumina a mina escura e funda, o trem da minha vida
G A7 D F#7 Bm
Sou caipira , pirapora nossa, Senhora de, Aparecida
G A7 D D7
Ilumina a mina escura e funda, o trem da minha vida
G A7
Sou caipira , pirapora nossa
D F#7 G D9/F#
Senhora de, Aparecida

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