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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Duo Brasil Moreno

Duo Brasil Moreno - Dupla sertaneja formada pelas irmãs Dora (Dora de Paula, Guariba-SP 1917-) e Didi (Antônia Glória de Paula, Guariba-SP 1924-). As irmãs foram criadas na cidade de Cambará (PR), com mais dois irmãos.

Começaram a cantar no coral da Igreja Santa Cecília em Cambará, juntamente com os irmãos. Em 1940, a família mudou-se para São Paulo. Dora e Didi formaram com os irmãos o Quarteto Brasil Moreno. Passam a se apresentar em programas de calouros das rádios Record e Cultura. O quarteto virou Trio Brasil Moreno, quando o irmão foi chamado para o serviço militar. O trio continuou a participar de programas de calouros.

Em 1943, ao tirarem o primeiro lugar no programa de Otávio Gabus Mendes e Geraldo Mendonça, são convidados a assinar contrato com a PRB-9. Em 1951, o trio transformou-se no Duo Brasil Moreno, com a saída da irmã (Helena), que abandonou a carreira artística para se casar. O Duo Brasil Moreno teve inúmeras participações em programas radiofônicos, inclusive no programa História da Música, na Rádio Record, produzido e apresentado por Almirante.

Em 1952, a dupla gravou seu primeiro 78rpm, pela Star, subsidiária da Copacabana. O disco incluía as canções Chalana, de Mário Zan e Arlindo Pinto, e Abandonada de Mário Zan e Palmeira. Graças ao sucesso alcançado, especialmente com o rasqueado Chalana, vários discos se seguiram.

Em 1961 lançaram pela Chantecler a guarânia Último adeus, de Luiz de Castro e o bolero Bis para o amor, de José Bettio e Roberto Stanganelli. No mesmo ano gravaram na Sertanejo o rasqueado Pedaço de coração, de Elpídeo dos Santos em parceria com a dupla e o xote China morena, de Raul Torres e Sebastião Teixeira. Posteriormente lançaram, pela Copacabana, seu primeiro LP, com o qual colecionaram sucessos como Natal no sertão, de Palmeira e Mário Zan, Campo Grande, de Raul Torres, Canção do trolinho, de Hervé Cordovil , e Flor de Tupã, de Mário Zan e Palmeira.

A dupla gravou também, pela Copacabana, várias versões, lançadas em 78rpm. Fizeram , entre outros, um programa na Rádio Record, todas as segundas-feiras, que aconteceu por 16 anos. Atuou em diversas emissoras de televisão de São Paulo e excursionou por vários estados. Em 1974, o Duo Brasil Moreno gravou um LP, de repertório exclusivamente sertanejo, acompanhado de toda a família.

Fontes: Encilopédia da Música Brasileira - Art Editora; Dicionario Cravo Albin de Musica Popular Brasileira.

Inhana

Inhana (Ana Eufrosina da Silva Santos), cantora, nasceu em Araras, SP (28/03/1923) e faleceu em São Paulo, SP (11/06/1981). Começou sua carreira atuando como solista em um conjunto formado com seus irmãos.

Em 1941 conheceu a dupla Chopp e Cascatinha. Nesse mesmo ano se casou com Cascatinha, formando-se então o Trio Esmeralda, adotando a partir dessa época o nome artístico de Inhana.

Seguiram para o Rio de Janeiro, onde conseguiram fazer um certo sucesso, recebendo vários prêmios nas apresentações em programas de rádio, como o de César Ladeira na Rádio Mayrink Veiga, Manoel Marcelos e Papel Carbono, os dois na Rádio Nacional.

Em 1942 Chopp deixou o grupo, prosseguindo a dupla Cascatinha e Inhana, ingressando a dupla no elenco do Circo Estrela D'Alva, fazendo excurções pelos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Devolta à São Paulo passaram a atuar no Circo Imperial, onde permaneceram por cinco anos.

Em 1947 cantaram pela primeira vez em rádio como dupla, na Bauru Rádio Clube. Em 1950 Cascatinha e Inhana foram contratados pela Rádio Record, onde ficaram por doze anos. Gravaram o primeiro disco em 1951 na gravadora Todamérica, registrando as músicas La paloma (Iradier - Pedro Almeida) e Fronteiriça (José Fortuna).

Em 1952 a dupla gravou os dois maiores sucessos de sua carreira, as guarânias Meu primeiro amor (Lejania) (H. Gimenez - versão: José Fortuna - Pinheirinho Jr.) e Índia (J. A. Flores - M. O. Guerrero - versão: José Fortuna), que a despeito de serem versões de música estrangeira podem ainda assim ser consideradas dois grandes clássicos da MPB, seja pelas gravações de imenso sucesso de Cascatinha e Inhana assim como suas regravações, feitas por grandes nomes como Maria Bethânia e Gal Costa.

Em 1953 a dupla gravou Mulher rendeira (motivo folclórico - arranjos: João de Barro). Em 1955 a dupla participou do filme Carnaval em Lá Maior, de Ademar Gonzaga. Nesse mesmo ano fizeram sucesso com a música Despertar do sertão (Pádua Muniz - Elpídio dos Santos). Outro grande sucesso foi Colcha de retalhos (Raul Torres), gravada em 1959.

Chamados de "Os Sabiás do Sertão", a dupla Cascatinha e Inhana é ainda hoje a mais importante dupla sertaneja da história da MPB, apesar do imenso sucesso popular de duplas surgidas à partir da década de 70. Permaneceram ativos e gravando regularmente até a morte de Inhana, em 1981.

Na década de 90 a gravadora Revivendo lançou uma série de CDs reunindo diversas gravações de Cascatinha & Inhana. Cascatinha ainda lançou um disco solo em 1982, e faleceu em 1986.

Ochelsis Laureano

Ochelcis Aguiar Laureano (foto) foi violeiro, compositor e cantor. Nasceu em 01 de maio de 1909 em Rio Acima, pertencente ainda a Sorocaba, onde hoje é a cidade de Votorantim-SP. Faleceu em 16 de janeiro de 1996.

Foi um dos mais destacados compositores da música caipira de raiz do início do Século XX, tendo feito parte das Caravanas de Cornélio Pires no início dos anos 30, e tendo sido artista na Era do Rádio brasileiro, do final dos Anos 20 até os Anos 50, tendo aí brilhado como compositor, como violeiro, e como intérprete musical, constituindo parcerias famosas nos programas sertanejos das rádios de São Paulo e do Rio de Janeiro:

Formou as duplas “Irmãos Laureano” (com seu irmão João Aguiar Laureano, o Joãozinho), “Laureano e Soares” (com seu cunhado Álvaro Soares, o Soarinho), “Laureano e Mariano” (com Mariano da Silva, pai do músico Caçulinha), “Laureano e Cap. Furtado” (com Ariovaldo Pires, famoso compositor, sobrinho de Cornélio Pires), e os trios “Laureano, Mariano e Serrinha” (com Antenor Serra, autor do sucesso “Chitãozinho e chororó”, com Athos de Campos), “Laureano, Cap. Furtado e Nhá Zefa” (foto: Laureano também fez parte do "Quarteto da Saudade" juntamente com Serrinha, Mariano e Arnaldo Meirelles).

Sobre a vida de compositor, destaca-se sua criatividade múltipla que, para além da música caipira e da poesia, levou-o, também, a compor músicas sacras, fazer regência de coral e lecionar música, lembrando que Ochelsis fez estudos musicais e de regência coral na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro, com Heitor Villa-Lobos. Destaque para o poema “Capim Teimoso”, “Lenço Preto” e “O barranco”, para suas músicas caipiras “Marvada pinga (Moda da pinga)” ( o maior sucesso de Inezita Barroso), “Roseira branca”, “O balão subiu”, “A caçada”, “É mió num casá” e “Meu sertão.

A famosa viola do compositor, com seu nome gravado, e o disco original da primeira gravação de seu maior sucesso musical a “Marvada Pinga”, de 1939, com a dupla Laureano e Mariano encontra-se em poder de sua filha Gláucia Laureano Gomes.

Algumas composições de Laureano

· A Bandeira Do Caboclo (Laureano - Ariowaldo Pires)
· ABC Do Prisineiro (Laureano)
· A Caçada (Laureano)
· A Madrugada (Laureano)
· A Morte Do Manuelzinho (Laureano)
· A Mulher E O Relógio (Laureano)
· Agricultura Hoje Tem Seu Lugar (Laureano - Ariowaldo Pires)
· Amanhecer No Sertão (Laureano - Ariowaldo Pires)
· Cana-Verde Em Desafio (Laureano - Ariowaldo Pires - Nhá Zefa)
· Cantando No Rádio (Laureano)
· Casamento (Laureano - Soares)
· Casamento Internacional (Laureano)
· Casamento Perdido (Laureano)
· Casando À Bessa (Laureano)
· Chuva de Pedra (Laureano)
· Como Nasceu o Cururu (Laureano - Ariowaldo Pires)
· Crise (Laureano)
· Deixei De Ser Carreiro (Mariano - Laureano)
· Desafio (Laureano - Soares)
· Desafio Disparatado (Laureano - Ariowaldo Pires)
· Destinos Iguais (Laureano - Ariowaldo Pires)
· Em Redor Do Mundo (Irmãos Laureano - Ariowaldo Pires)
· Ensinando A Muié (Laureano)
· Fim De Um Valentão (Laureano)
· Meu Casamento (Laureano)
· Meu Jardim (Laureano)
· Minha Profissão (Laureano)
· Minhas Aventuras (Laureano)
· Moda Da Pinga (Ochelsis Laureano - Raul Torres)
· Moda Das Meias (Irmãos Laureano - Ariowaldo Pires)
· Moda Do Ceguinho (Laureano)
· Moda Do Pito (Laureano)
· Moda Dos Tecelões (Laureano)
· Muié Sapeca (Laureano)
· No Mundo Da Lua (Laureano)
· O Balão Subiu (Laureano)
· O Cavalo E O Boi (Laureano)
· O Cravo (Laureano)
· O Crime Do Restaurante Chinês (Laureano)
· O Diabo E O Mundo (Laureano)
· O Jogo Do Truco (Laureano)
· O Que Eu Vejo (Laureano)
· O Sonho Do Matuto (Laureano - Ariowaldo Pires)
· Patrões E Operários (Laureano)
· Repicando A Viola (Laureano)
· Revolta De São Paulo (Laureano)
· Roseira Branca (Laureano)
· Saudades de Sorocaba (Laureano)
· Situação Dos Homens (Laureano)
· Uma Carta Atrapalhada (Laureano)
· Um Retrato (Laureano)
· Valentia de Voluntário (Laureano)

Fonte: biografia e fotos gentilmente enviadas por Nicc Nilson

Marinês

Marinês (Inês Caetano de Oliveira), cantora, nasceu em São Vicente Férrer, PE, em 16/11/1935, e faleceu no Recife, PE, em 14/05/2007. Seu pai, filho de índios Ariús, era seresteiro e a mãe foi cantora de igreja.

Aos 10 anos de idade começou a participar de programas de calouros, tendo chegado a competir num deles, com o também ainda menino Genival Lacerda. Foi casada com o sanfoneiro e produtor Abdias, com quem se casou aos 14 anos.

Depois de premiada com um sabonete numa retreta de rua, espécie de concurso de calouros ao ar livre, no bairro da Liberdade, onde morava, resolveu inscrever-se num programa de calouros na rádio local e, para fugir da vigilância dos pais, acrescentou o Maria ao seu nome. Ao ser anunciada no concurso, o locutor acabou por chamá-la de Marinês, e ela, gostando, adotou o nome artístico.

Em 1949 formou com o marido Abdias o Casal da Alegria. Em seguida, o casal juntou-se ao zabumbeiro Cacau e formou um trio. Este trio, no começo dos anos 50, passou a atuar como a Patrulha de Choque do Rei do Baião, especializada em realizar apresentações nas praças das cidades onde Luiz Gonzaga iria tocar, interpretando músicas do seu repertório, anunciando sua chegada nas cidades do interior do Nordeste, num trabalho feito espontaneamente.

Seu encontro com o Rei do Baião deu-se na cidade de Propriá, em Sergipe, apresentados pelo prefeito da cidade, Pedro Chaves. Na mesma noite do dia em que se conheceram, fizeram um show juntos. Com o apoio de Luiz Gonzaga, que lhe ensinou o xaxado, a carreira de Marinês ganhou impulso, sendo então batizada de A Rainha do Xaxado.

Gravou seu primeiro disco em 1956, lançado no ano seguinte pela Sinter, apresentando-se como Marinês e sua Gente. Gravou na ocasião, a quadrilha Quadrilha é bom, de Zé Dantas e o xaxado Quero ver xaxar, de João do Vale, Antonio Correia e Leopoldo Silveira Junior.

Em 1957, gravou dois grandes sucessos, os xotes Peba na pimenta, de João do Vale, José Batista e Adelino Rivera e Pisa na fulô, de João do Vale, Ernesto Pires e Silveira Jr., que foram posteriormente regravados por inúmeros artistas. No mesmo ano, lançou o xaxado Xaxado da Paraíba, de Reinaldo Costa e Juvenal Lopes e o xote O arraiá do Tibiri, de João do Vale e Silveira Jr. Ainda nessa época, a convite de Luiz Gonzaga, vão para o Rio de Janeiro, onde se apresentaram no programa Caleidoscópio, na Rádio Tupi.

Em 1958, gravou de Rosil Cavalcanti os baiões Aquarela nordestina e Saudade de Campina Grande. Gravou ainda, de Gordurinha e Wilson de Morais, o baião Perigo de morte. No mesmo ano participou do filme Rico ri à toa, de Roberto Faria. Em 1959, gravou de Antônio Barros e Silveira Jr. o baião Velho ditado e o xote Marieta.

Em 1960, gravou da mesma dupla o baião Mais um pau-de-arara e o chótis Balanço da saudade. No mesmo ano, transferiu-se para a RCA Victor, onde lançou, de Reinaldo Costa e Juvenal Lopes, o xote Viúva nova e, de Onildo Almeida, o xaxado História de Lampeão. Gravou ainda, de Zé Dantas e Joaquim Lima, a polca Chegou São João. No mesmo ano recebeu o troféu Euterpe no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, como a melhor cantora regional.

Em 1961, gravou os cocos Gírias do Norte, de Jacinto Silva e Onildo Almeida e Cadê o Peba, de Zé Dantas. No mesmo ano, gravou a moda de roda Marinheiro, de motivo popular com arranjos de Onildo Almeida e o coco de roda No terreiro da Usina, de Zé Dantas. Gravou ainda o LP Outra vez Marinês, que lhe rendeu um segundo troféu Euterpe, além de ter obtido o prêmio de melhor vendagem.

Em 1962, gravou, de Onildo Almeida, as modas de roda Siriri, sirirá e Meu beija-flor. No mesmo ano, gravou de João do Vale e José Batista o xote Xote de Pirira e de João do Vale e Oscar Moss o coco Gavião.

Em 1963, gravou as modas de roda Balanceio da usina, de Abdias Filho e João do Vale, e Pisei no liro, de Juvenal Lopes. No mesmo ano, gravou, de João do Vale e B. de Aquino, o xote Xote melubico e o baião Macaco véio.

Em 1984 apresentou-se em diversos shows em teatros da periferia do Rio de Janeiro dentro do projeto Pixinguinha, além de fazer participações especiais em discos do conjunto The Fevers e de Zé Ramalho.

Em 1986, lançou o LP Marinês e sua Gente - Tô chegando, com a participação especial de Gilberto Gil, Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Jorge de Altinho. Com Luiz Gonzaga, interpretou Tá virando emprego, de Luiz Gonzaga e João Silva, com Dominguinhos, Agarradinho, de Michael Sullivan e Paulo Massadas, com Gilberto Gil, Doida por uma folia, do próprio Gil e Quatro cravos, de Jarbas Mariz e Cátia de França, e com Jorge de Altinho, Jeito manhoso, de Nando Cordel.

Em 1987, gravou pela RCA Victor o LP Balaio de paixão, interpretando, entre outras, as composições Tô doida pra provar do teu amor, de Nando Cordel, Fulô da goiabeira, de Anastácia e Liane, Novinho no leite, de Nando Cordel e Feitiço, de Jorge de Altinho.

Em 1988 estreou na Continental com o disco Feito com amor, onde regravou sucessos dedicados à festas juninas. Recebeu discos de ouro com A dama do Nordeste e Bate coração.

Gravou diversas músicas consideradas apimentadas e que mexeram com a moral da época, como Peba na pimenta e Pisa na fulô, de João do Vale, Cadarço de sapato, Xote da Pipira e Viúva nova, entre outras. Devido a essas gravações, chegou a ter problemas com os meios católicos do país, tendo ocorrido casos de padres que durante as missas pediam aos fiéis para não comprarem seus discos, como foi o caso de Peba na pimenta.

Com a separação do marido e produtor Abdias, ficou alguns anos sem gravar; ainda sim, lançou cerca de 30 discos, entre 78 rpm, LPs e CDs. Dentre os seus LPs, estão Nordeste valente, Balaiando e Cantando pra valer.

Em 1995, lançou o CD Marinês cidadã do mundo. Ainda nos anos 1990, participou do disco de forró lançado por Raimundo Fagner. Em 1998, com produção da cantora Elba Ramalho, lançou pela BMG o CD Marinês e sua Gente, contando com a participação de importantes nomes da Música Popular Brasileira contemporânea, quase todos do Nordeste. Uma das faixas de destaque é o dueto com Alceu Valença em Pelas ruas que andei, do cantor e compositor pernambucano.

No mesmo ano, a Copacabana/EMI lançou uma coletânea de seus sucessos remasterizados na série Raízes Nordestinas. Foi a primeira mulher a formar um grupo de forró. Em 2000 teve CD lançado pela BMG dentro da série Eu só quero um forró, no qual contou com as participações especiais de Gilberto Gil na música Quatro cravos e Alceu Valença em Pelas ruas que andei.

Faleceu em 2007, vítima de um acidente vascular cerebral que foi acometida um mês antes de sua morte.

Fonte: Cantoras do Brasil.

Carreirinho

Carreirinho (Adauto Ezequiel), cantor e compositor, nasceu em Bofete-SP, em 21/10/1921. Aos sete anos cantou uma modinha de sua autoria numa comemoração escolar de fim de ano, recebendo de presente uma viola. A partir de então, passou a apresentar-se em festinhas, cantando e tocando.

Em 1946 estreou profissionalmente ao lado de Ferraz, atuando nos circos que passavam pela cidade de Sorocaba SP. Seguiu depois para São Paulo SP, onde se apresentou na Rádio América. Mais tarde, transferiu-se para a Rádio Record, ali atuando com novo parceiro, o investigador de polícia José Stramandinoli (Zé Pinhão), com quem formou a dupla Zé Pinhão e Pinheiro, que passou a participar do programa Sítio do Bicho-de-Pé até 1947, ano em que se separaram.

Nessa época, propôs parceria a Lúcio Rodrigues, que cantava com Fortaleza. Formaram então uma dupla cujo nome foi escolhido em concurso popular entre os ouvintes da Rádio Record: Zé Carreiro(Lúcio) e Carreirinho (Adauto).

Em 1950 Tonico e Tinoco, que eram contratados da Continental, se interessaram pelo cururu O canoeiro (Zé Carreiro), música que vinha marcando as apresentações da dupla iniciante. Mediante acordo com o diretor da gravadora, consentiram na gravação de Tonico e Tinoco, conseguindo em troca gravar o primeiro disco, com O canoeiro e Ferreirinha (de sua autoria). O sucesso desse lançamento levou a fábrica a contratá-los.

Seis anos depois, a dupla lançou, pela Copacabana, Crianças do meu Brasil (com José Fortuna) e Jamais seremos esquecidos (de autoria da dupla), e, no ano seguinte, pela Victor, Sinhá Maria, versão sertaneja da composição de René Bittencourt do mesmo nome, e Buquê de flor (da dupla).

Em 1958, depois de dez anos de atuação na Rádio Record e de gravar diversos discos, Zé Carreiro teve de se afastar da vida artística por surdez. Formou, então, com José Dias Nunes, nova dupla, Tião Carreiro e Carreirinho, que gravou em 1958, pela Continental, Rei do gado (Teddy Vieira), Mariposa do amor (Canhotinho e Torrinha), Pirangueiro e Saudade de Araraquara (ambas de Zé Carreiro), e Despedida de solteiro (com Zé Fortuna). Depois a dupla gravou pela RCA algumas composições de gênero mais sentimental, com Madalena, O beijo (ambas de sua autoria) e Esqueça a sua Maria (Raul Torres e João Pacífico).

Em 1962 lançou, com Zé Carreiro, pelo selo sertanejo da Chantecler Meu carro e minha viola (com Mozart Novais), faixa que deu nome ao LP, Boi cigano (Tião Carreiro e Pião Carreiro) e Terra roxa (Teddy Vieira), entre outras. No mesmo ano, apareceu num LP lançado pela Chantecler em homenagem à antiga dupla com Zé Carreiro, relembrando sucessos como Canoeiro, Ferreirinha e Pirangueiro (Zé Carreiro).

Afastando-se de São Paulo, só voltou a gravar mais tarde, com sua nova parceira na dupla Carreirinho e Zita Carreiro (Iracema Soares Gama), que lançou pela Continental, no selo Cartaz, Flor de minha vida (com Zé Matão), Saudade (com Caboclo), Encontro fatal (com J. Vicente), Vem meu amor (com J. Vasco) e Mundo vazio (com Pardinho).

Em 1974, a nova dupla gravou na Chantecler um pot-pourri intitulado Recordando Zé Carreiro, além de outras músicas, como Deus é meu guia (com Zuza), Saudade do nosso amor (Teddy Vieira e Tião Carreiro), Rincão de nossa terra (sua autoria), Cão fiel (Zé Godói e Biguá), Tormento da noite (Cafezinho e Nhô Juca). No ano seguinte, a dupla gravou na Carmona, Formigueiro de gente e Policena, além de Palhaço (com Miguel Santiago), em homenagem aos palhaços.

Em 1979 a Secretaria de Cultura da prefeitura de São Paulo homenageou a dupla com uma festa realizada no ginásio de esportes do Sport Club Corinthians Paulista; em 1980, em Curitiba PR, receberam uma placa de Honra ao Mérito dos artistas paranaenses.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - erudita, folclórica e popular. São Paulo, Art Ed., 1977. 3p.

Minona Carneiro

Minona Carneiro (Severino de Figueiredo Carneiro), cantor e compositor, nasceu em Recife, PE, em 23/11/1902, e faleceu na mesma cidade em 1936. Freqüentador das rodas boêmias de Recife, cantava modinhas e canções, chegando a participar de um conjunto regional organizado por Pedro Alves.

Com a voz afetada por problemas de saúde, viu-se obrigado a procurar um novo estilo, passando a se dedicar à emboladas. Numa reunião no bairro de Casa Amarela, conheceu Manezinho Araújo, que com ele aprendeu a cantar emboladas. Começaram a se apresentar juntos em festas.

Em 1927 integrou o conjunto Voz do Sertão, organizado pelo bandolinista Luperce Miranda, que incluía ainda Meira (violão), José Ferreira (cavaquinho) e Robson Florence (bandolim). Com o conjunto foi para o Rio de Janeiro em 1928. 

No início de 1930 gravou na Brunswick Dedé (Nelson Ferreira). No mesmo ano gravou três discos na Parlophon, com as emboladas Passarinho molhado (Francisco Santoro), Óia lá (Altamiro Godinho), O amor da caboca, Ai seu Mané, Chô, bicho e O perigo da muié (estas últimas de sua autoria). 

Compôs também outras emboladas, como O trem vai chegá, Chô, juriti (com Luperce Miranda), Comigo não, João, Cajueiro, e sambas, como Achei um ninho, Sertão do Surubi, Penera asas (todos com Luperce Miranda). 

Com a saúde debilitada, retornou pouco depois à capital pernambucana, onde morreu.

Playlist



Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.