Aos 71 anos, Badias Medeiros não é chamado de mestre à toa. Cantor, compositor, violeiro, dançarino e guia de festejos populares (aquele que conduz os eventos e guarda seus costumes), como Folia do Divino, de Reis e de São Sebastião, Seu Badia é um autêntico personagem do interior do Brasil, dono de conhecimentos e saberes que não se aprendem nos livros, nas vivências e tradições passadas de pai para filho.
Mineiro de Unaí, radicado em Formosa (GO) há 19 anos, casado com Cesárea Gonçalves de Andrade há 47, mestre Badia, até o ano passado, ainda trabalhava na roça. Hoje, está aposentado e divide seu tempo entre as aulas de viola (não faltam alunos, ele garante) e as apresentações musicais.
Ele esteve mais uma vez em Brasília, recentemente, quando participou do Festival Brasília de Cultura Popular — evento realizado entre 7 e 9 de outubro. Na ocasião, se apresentou em dupla, acompanhado do parceiro Valdemar de Brito Vanderlei, o Nego de Brito. Os dois acabaram de gravar um CD e esperam o momento oportuno para lançá-lo.
O violeiro, compositor e pesquisador brasiliense Roberto Corrêa conheceu Seu Badia em 1997 e foi responsável por apresentá-lo a um publico maior. “Pessoas como o Badia trazem o Brasil para dentro de si”, comenta Corrêa. “Eu fiquei encantado com o talento dele como compositor, cantor, violeiro e dançarino de ludu. Na primeira oportunidade, convidei-o para tocar comigo”, continua.
A parceria entre Corrêa, o também violeiro Paulo Freire e Badia rendeu uma série de shows e o CD Esbrangente, de 2002. Dois anos depois, Badia lançou o primeiro disco solo, Badia Medeiros — Um mestre do sertão. Em sua discografia, também contam participações em coletâneas dedicadas a música caipira.
Em entrevista ao jornal Correio Braziliense, Seu Badia comenta a relação com a viola, os primeiros contatos com o instrumento, influências e a manutenção das tradições populares.
Fonte: Correio Braziliense, de 16/10/2011.