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quarta-feira, 19 de abril de 2006

Maringá

É comum no mundo inteiro cidades emprestarem seus nomes a canções. Difícil é uma canção inspirar o nome de uma cidade, como foi o caso de "Maringá". O fato ocorreu em 1947, quando Elizabeth Thomas, esposa do presidente da Companhia de Melhoramentos do Norte do Paraná, sugeriu que a composição desse nome a uma cidade recém-construída pela empresa, e que em breve se tornaria uma das mais prósperas do estado.

O curioso é que a canção jamais teria existido se seu autor Joubert de Carvalho (foto ao lado) não fosse, quinze anos antes, um freqüentador assíduo do gabinete do então ministro da viação, José Américo de Almeida.


Carlos Galhardo
Joubert, formado em medicina, pleiteava uma nomeação para o serviço público. Numa dessas visitas, aconselhado pelo oficial de gabinete Rui Carneiro, o compositor resolveu agradar o ministro, que era paraibano, escrevendo uma canção sobre o flagelo da seca que na ocasião assolava o Nordeste.

Surgia assim a toada "Maringá", uma obra-prima que conta a tragédia de uma bela cabocla, obrigada a deixar sua terra numa leva de retirantes. Em tempo: alguns meses após o lançamento vitorioso de "Maringá", Joubert de Carvalho foi nomeado para o cargo de médico do Instituto dos Marítimos, onde fez carreira chegando a diretor do hospital da classe.

Maringá (toada, 1932) - Joubert de Carvalho
A                       Dm 
Foi numa leva que a cabocla Maringá
G7 C
Ficou sendo a retirante que mais dava o que falar
E7 Am
E junto dela veio alguém que suplicou
F Dm E7 A
Pra que nunca se esquecesse de um caboclo que ficou

E7 A
Maringá, Maringá
A7+ Bbº
Depois que tu partiste tudo aqui ficou tão triste
Bm
Que eu "garrei" a imaginar
E7
Maringá, Maringá

Para haver felicidade é preciso que a saudade
A
Vá bater noutro lugar
G7 Gb7
Maringá, Maringá
Bm B7 E7
Volta aqui pro meu sertão pra de novo o coração
A
De um caboclo a sossegar

Dm
Antigamente uma alegria sem igual
G7 C
Dominava aquela gente na cidade de Pombal
E7 Am
Mas veio a seca, tudo a chuva foi-se embora
F Dm
Só restando então as águas
E7 A
Dos meus "'óio" quando chora
E7 A
Maringá, Maringá

Recebi hoje, dia 3 de fevereiro, um e-mail comentando o artigo acima que coloquei faz alguns anos no site de músicas antigas da MPB “cifrantiga” e que reproduzo abaixo: “O seu artigo sobre a ligação entre a música e a cidade de Maringá-PR., está muito próximo do correto.

Realmente, José Américo (Ministro da Viação e Obras), tinha como chefe de gabinete o senhor Ruy Carneiro , que mais tarde viria a governador e senador do seu Estado (a Paraíba).

Joubert de Carvalho gostava da boemia e naquele ambiente veio a conhecer e se tornar amigo do senhor Alcides Carneiro(irmão de Ruy Carneiro e também funcionário do Ministério da Viação e Obras), que solteiro e apaixonado por uma namorada chamada Maria, residente na cidade do Ingá(60 km de João Pessoa - PB), compôs a música “Maringá”, narrando o flagelo da seca no nordeste, principalmente na cidade de Pombal, localizada na alto sertão paraibano.

Gostaria de cumprimentá-lo pela narrativa, eis que mesmo na cidade de Maringá, poucas pessoas conhecem a origem do nome da cidade."

Silvano Almeida - Londrina-PR

(um grande abraço pra ti Silvano!)

De papo pro Á

Em 1931, os românticos Joubert de Carvalho e Olegário Mariano realizaram uma incursão na área sertaneja com o cateretê "De Papo pro Á". A composição expõe com muita graça a "filosofia" de um caipira esperto que leva a vida pescando e "tocando viola de papo pro á".

Curiosamente, este cateretê vem pelos anos afora sendo cantado com um erro na letra. O fato foi descoberto nos anos cinqüenta pelo pesquisador Paulo Tapajós, que estranhava os versos: "Se compro na feira feijão, rapadura / pra que trabalhar?". Quem compra geralmente trabalha... Foi o próprio Olegário quem lhe esclareceu: "o verso correto é 'se ganho na feira feijão, rapadura'. Acontece que, na primeira gravação, Gastão Formenti cantou 'se compro', cristalizando-se o erro a partir desse disco".

De Papo Pro Á (cateretê, 1931) - Joubert de Carvalho e Olegário Mariano

LP Paulo Tapajós 1972
E
Não quero outra vida
B7
Pescando no rio de Gereré
Tem peixe bom
Tem siri patola
E
De dá com o pé
B7
Quando no terreiro
Faz noite de luá
E vem a saudade
Me atormentá
Eu me vingo dela
Tocando viola
E B7 E B7 E
De papo pro á

Se compro na feira
Feijão, rapadura,
B7
Pra que trabaiá
Eu gosto do rancho
O homem não deve
E
Se amofiná

(refrão)

sábado, 15 de abril de 2006

Tonico e Tinoco


Tonico e Tinoco - Dupla sertaneja formada por João Salvador Pérez, o Tonico (São Manuel SP 1919-São Paulo SP 1994) e José Pérez, o Tinoco (Botucatu SP 1920-). Em 1930, quando a família Pérez trabalhava na fazenda Tavares, em Botucatu, os dois irmãos ouviram discos da série caipira de Cornélio Pires. João frequentava a escola rural e dava lições para os colonos mais velhos, que lhe pagavam com frutas, rapadura, melado e dinheiro.


Cinco anos depois, juntada a quantia de 10 mil-réis, compraram uma viola feita a canivete e passaram a cantar em dupla, formando conjunto nos arrasta-pés e serenatas. Em 1938 a família foi trabalhar na pedreira Santa Helena e na fábrica de tecidos Santa Maria, em Sorocaba SP, seguindo depois para a fazenda São João de Sintra, em São Manuel, onde encontraram o primeiro incentivo na pessoa de José Augusto de Barros, administrador da propriedade. Por seu intermédio, foram à Rádio Clube de São Manuel e apresentaram-se cantando Namoro de velhos, sendo convidados para cantar na emissora aos domingos, sem remuneração.

Em 1943 foram para São Paulo SP, acompanhados do primo Miguel Pérez, e inscreveram-se no programa de calouros comandado por Chico Carretel (Durvalino Peluzo), na Rádio Emissora de Piratininga, mas o sucesso esperado não veio dessa vez. O Capitão Furtado, que estava sem violeiro em seu programa Arraial da Curva Torta, na Rádio Difusora, promoveu então um concurso para preencher a vaga: os dois, juntamente com seu primo, candidataram-se com o nome provisório de Trio da Roça, cantando o cateretê Tudo tem no sertão (Tonico).

Classificados para a final, interpretaram de Raul Torres e Cornélio Pires Adeus, campina da serra, conquistando o primeiro lugar; sem o primo, foram batizados pelo Capitão Furtado como Tonico e Tinoco. A dupla estreou em disco, na Continental, em 1945, com o cateretê Em vez de me agradecer (Capitão Furtado, Jaime Martins e Aimoré). Bem sucedida com essa gravação, que serviu de teste, gravou seu primeiro disco completo, a moda-de-viola Sertão do Laranjinha, motivo popular adaptado pela dupla e Capitão Furtado, e Percorrendo o meu Brasil (com João Merlini), que foi sucesso imediato.

No mesmo ano destacam-se também Canoeiro (Zé Carreiro), uma das músicas mais importantes do cancioneiro caboclo, e Cana verde (de sua autoria). Desde então, tornou-se a dupla sertaneja mais famosa do país.

Em 1945 lançou Chico Mineiro (com Francisco Ribeiro), principal sucesso entre inúmeras gravações. No ano seguinte, vieram Rei do gado (Teddy Vieira) e Boi de carro (Anacleto Rosas Júnior).

Em 1947 a dupla participou da gravação do primeiro 33 rpm do gênero sertanejo, o LP Arraial da curva torta, com o cateretê Tudo tem no sertão (de sua autoria). No ano seguinte, foi a vez de Destinos iguais (Capitão Furtado e Ochelsis Aguiar Laureano).

Em 1950 a dupla lançou Arrasta-pé na tuia e Baianinha (ambas de sua autoria), e foi para o programa Na Beira da Tuia, da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro RJ, transferindo-se para a Philips um ano depois, quando gravou Canta moçada (Tonico e Nhô Fio), Boiada (Zé Paioça, o Fernandes Bortolon), Mourão da porteira (Raul Torres e João Pacífico) e Moreninha linda (Tonico, Priminho e Maninho).

Em 1952 surgiram Gaúcha alegre (Tonico e Zé Carreiro) e Chofer de caminhão (Tonico e Ado Benatti). Mudando-se para a Victor, a dupla gravou Viola cabocla (Tonico e Piraci) e Seresteiro do sertão (Tonico e Garrafinha), em 1953; Querer bem (Irmãos Mota), Pé da letra (Tonico e Augusto Altran) e Presépio (Tonico), em 1954; Canoeiro do mar(com José Alencar Borges), Carreiro triste (Tonico e Bolinha, o Euclides Pereira Rangel), em 1955.

No ano seguinte transferiu-se para a Chantecler, gravando Cabelo de trança (Tonico e Zé Paioça), Rei dos pampas (Raul Torres) e Pinho sofredor (Segisfredo M. Camargo e Capitão Furtado); em 1957, Adeus Mariana (Pedro Raimundo) e, um ano depois, Brasil caboclo (Tonico e Walter Amaral) e Artista de circo (Zé Tapera e Zé Fortuna).

A dupla voltou para a Continental em 1959, quando foram lançadas Maldita cachaça (Tonico, Ana Maria Pereira e Capitão Furtado), Boiadeiro do Norte (Zulmiro) e Fim de baile (Tonico e Zé Paioça). Do ano seguinte são Fandango mineiro (Zé Carreiro e Carreirinho) e Barqueiro (Tonico).

Em 1961 gravaram Meu sertão (Tinoco e José Lopes), trabalhando ainda no filme Lá no sertão, de Eduardo Llorente. Três anos depois, gravou, com a participação de Araci de Almeida, o cateretê de Mário Vieira Tô chegando agora. Em 1963, lançou na Continental o Último roubo (Tonico e Capitão Furtado). No ano seguinte Tonico adoeceu, sendo substituído nos shows pelo irmão mais novo, Francisco Pérez, o Chiquinho. Novamente reunida, a dupla não concordou com a imposição da gravadora de incluir acompanhamento de guitarras elétricas nas gravações sertanejas e parou de gravar.

A Continental relançou então velhos sucessos do duo para atender aos pedidos dos lojistas. Quando a dupla voltou a gravar, lançou pela Continental alguns sucessos obtidos na Chantecler, como o arrasta-pé Curitibana (Tonico e Pirigoso) e Saudade da estância (Capitão Furtado e Frontalini).

Em 1965 a dupla fez o filme Obrigado a matar, de Eduardo Llorente, e três anos depois, ainda na Continental, gravou o LP Vinte e seis anos de glória, transferindo-se para a Rádio Bandeirantes. Em 1969, lançou o LP Vinte e sete anos de Tonico e Tinoco, de Tonico e Capitão Furtado, incluindo velhos sucessos imortalizados por vários intérpretes: Maringá (Joubert de Carvalho), Luar do sertão (Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco), Chuá, chuá (Pedro de Sá Pereira e Ari Pavão), Tristezas do jeca (Angelino de Oliveira), Saudades de Matão (Francana) (Jorge Gallatti, Raul Torres e Antenógenes Silva) e Boiada cuiabana (Raul Torres).

No ano seguinte, prestou homenagem a Raul Torres, interpretando, deste, Moda da mula preta e Segredo se guarda, e Pingo d'água e Chico Mulato (ambas com João Pacífico). No mesmo ano, atuou no filme A marca da ferradura, de Nelson Teixeira Mendes.

Em 1971 lançou Transamazônica (Tonico e José Caetano Erba) e a toada Pra frente, sertão (Tonico, Capitão Furtado e Sílvio Toledo). Em 1972 a dupla comemorou 30 anos de carreira, gravando o LP Adeus, campina da serra e participando do filme Luar do sertão, de Osvaldo de Oliveira. No ano seguinte novo LP, em que se destaca Azul cor de anil (Arlindo Santana), ao qual se sucederam quatro LPs em 1974, sobressaindo a composição Salve Campos do Jordão (Tonico e Mamarama, o Mário Mauro Ramos Matoso). Um ano depois, mais quatro LPs, incluindo Motorista do progresso (Teixeirinha) e Trinta e três anos, poema de Mamarama, contando a vida artística da dupla.

Cantando em todos os canais de televisão de São Paulo, com programa exclusivo na TV Bandeirantes, a dupla excursionou pelos Estados do Centro e Sul do país. Sempre preferiu, entretanto, as estações de rádio, onde atuou com programas exclusivos na Tupi, na Nacional e na Bandeirantes, todas de São Paulo. Em julho de 1979 apresentaram-se com sucesso no Teatro Municipal de São Paulo e comemoraram o feito com o LP A viola no teatro (Continental, 1979), com faixa-título de Tonico e José Caetano Erba. As gravações da dupla chegam a mais de 700 músicas.

Algumas músicas



Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

sexta-feira, 14 de abril de 2006

Música Regional


Os compositores profissionais urbanos, a partir do início da segunda década do séc. XX, designaram o nome "música sertaneja" as estilizações de ritmos rurais que denominavam arbitrariamente de modas, toadas, cateretês, chulas, emboladas e batuques, que se identificavam por letras invariavelmente evocativas de beleza bucólica e romântica da paisagem, da vida e da gente do interior, e que, por serem nascidas e criadas longe das grandes cidades, eram tão livres quanto possível das influências norte-americanas e europeias (jazz, fox-trot, música francesa, canção napolitana) sofridas pela cultura urbana.


A aceitação dessas chamadas canções sertanejas começou na área popular a partir do sucesso carnavalesco, em 1914, da toada Caboca di Caxangá (João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense), e entre as classes média e alta desde o sucesso da apresentação, na noite de 28 de dezembro de 1915, no Teatro Municipal, de São Paulo SP, por iniciativa do escritor Afonso Arinos, de algumas cenas do "antiquíssimo bumba-meu-boi, conhecido em todo o Brasil".

Posteriormente, denominação mais genérica e usual para toda música popular com características rurais, notadamente uso de violas caipiras e acordeons, vocalização em terças paralelas (ou seja, as melodias das duas vozes se mantêm separadas pela mesma distância na escala) e atmosfera geral interiorana. O termo costuma ser utilizado como sinônimo de música caipira, ou seja, a música da região Centro-Sul (também chamada "Paulistânia").

Mais amplamente, música sertaneja seria também o baião, o xaxado, enfim, toda música produzida nas regiões Norte-Nordeste, onde efetivamente há. sertão e que têm em comum o fato de não serem cultura de cidade grande.

Desde o começo do séc. XX, temos música urbana produzida com sotaque interiorano, caracterizando até gêneros como samba sertanejo e valsa sertaneja. Tanta confusão é aumentada pelo fato de muitos estudiosos fazerem distinção entre caipira e sertanejo. Música sertaneja é, para eles, a música caipira feita nos grandes centros urbanos por não-caipiras, "fabricada" por imitação, humorismo ou comércio puro e simples; ou, como diz José Ramos Tinhorão: "a música caipira é manteiga, e a sertaneja é margarina".

Um bom exemplo desta última é a valsinha Sereno, de Antônio Almeida (sobre motivo folclórico), lançada pelos Anjos do Inferno em 1943 e que inclui brincadeira com o caipira do Sul: "Ô dona Maricota, quer me dar o prazer desta contradança? / Pois não, seu Janjão! ".

Inesita Barroso aponta um fator que diferencia definitivamente a música caipira da sertaneja: aquela só canta sobre a vida no campo, incluindo histórias de bichos, chegando muitas vezes a ser fábula musicada (embora, acrescentamos, possa falar também de "causos" ligados à religião e de entreveros resultantes do contraste entre pessoas ou coisas caipiras e urbanas). Já a música sertaneja, feita na cidade, só fala de temas da cidade, sendo, em geral, mais dramática e negativa, com perdições, traições, adultérios.


Algumas letras, cifras e gravações:


























































































Página com músicas sertanejas não inclusas aqui:



Abaixo a relação dos artistas e artigos da Música Regional publicados no blog:










































Fonte do artigo: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

terça-feira, 11 de abril de 2006

Cascatinha e Inhana

Cascatinha e Inhana - Dupla sertaneja formada por Francisco dos Santos, o Cascatinha (Araraquara SP 20/4/1919-São José do Rio Preto SP 14/3/1996) e Ana Eufrosina da Silva Santos, a Inhana (Araras SP 28/3/1923-São Paulo SP 11/6/1981).


Aos 18 anos, Francisco cantava ao violão modinhas, canções e valsas românticas, e tocava bateria. Com a chegada do Circo Nova Iorque a sua cidade, formou dupla com Chopp, artista do circo, usando o pseudônimo de Cascatinha, marca de cerveja, para combinar com o do parceiro.

A dupla tornou-se conhecida em pouco tempo, transformando-se, em 1941, no Trio Esmeralda, quando Francisco se casou com Ana, chegando então a ganhar, no Rio de Janeiro RJ, prêmios no programa César Ladeira, da Rádio Mayrink Veiga, e nos programas de Manuel Barcelos e Papel Carbono, de Renato Murce, da Rádio Nacional.

Em 1942 Chopp separou-se do casal, enquanto a dupla restante ingressava no Circo Estrela-Dalva, excursionando entre o Rio de Janeiro e São Paulo, e passando depois por vários circos e parques de diversões, como o Imperial, onde atuaram durante cinco anos. Em São Paulo, em 1947, atuou na Rádio América.

Em 1950, a dupla foi contratada pela Rádio Record, onde permaneceu 12 anos, estreando em disco na Todamérica em 1951, com Fronteiriça, de Zé Fortuna, compositor preferido de Cascatinha. Nessa época a dupla fez tanto sucesso com as composições de Elpídio Santos Despertar do sertão e Ave Maria do sertão (ambas de parceria com Pádua Moniz), que Cascatinha foi nomeado diretor-artístico da gravadora.

Na Todamérica, em 1952, a dupla lançou um 78 rpm que trazia Índia (Maria Ortiz Guerrero e José Asunción Flores, versão de José Fortuna) e Meu primeiro amor (versão de José Fortuna para Lejanias, de Hermínio Giménez), batendo todos os recordes de vendagem.

Em 1955 participaram do filme de Ademar Gonzaga Carnaval em lá maior, interpretando Meu primeiro amor. Em 1966 a dupla gravou o LP Vinte e cinco anos (RCA-Camden), lançado em 1967, alcançando sucesso com Vinte e cinco anos (Nonô Basílio), O menino do circo (Eli Camargo), Flor do cafezal (Carlos Paraná) e A estrela que surgiu (Zacarias Mourão e Mário Albanesi).

Pela Chantecler lançou, em 1970, o LP Dueto de amor, incluindo os sucessos Amor eterno (Alfredo Borba e Edson Borges), Se tu voltasses (Cascatinha e Carijó), Como te quero (Alberto Conde e Nilza Nunes) e Castigo (Marciano Marques de Oliveira). Dois anos depois gravou com êxito, pela Continental, Olhos tristonhos (Dora Moreno).

No Teatro Alfredo Mesquita, de São Paulo, em 1978, levaram o espetáculo Índia, de grande repercussão, no qual contaram sua trajetória artística. Durante toda a carreira, a dupla percorreu vários Estados brasileiros, atuando em circos, emissoras de rádio e televisão, além de gravar mais de 30 discos. Em 1995 a gravadora Revivendo lançou, em dois CDs, uma coletânea de seus maiores sucessos.


Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Zé Dantas

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José de Sousa Dantas Filho, compositor e poeta, nasceu em Carnaíba PE (27/2/1921) e faleceu no Rio de Janeiro RJ (11/3/1962). Em 1938 ensaiava suas primeiras composições e escrevia crônicas sobre folclore para a Revista Formação, do Colégio Americano Batista, do Recife PE. Cerca de nove anos depois conheceu Luiz Gonzaga, de quem se tornou parceiro (Na foto, Zé Dantas e Luiz Gonzaga).

Em 1949 formou-se em medicina no Recife e no ano seguinte foi para o Rio de Janeiro, especializar-se em obstetrícia. Ainda em 1950, Luís Gonzaga gravou suas composições, em parceria, Vem, morena, A dança da moda, o xote Cintura fina e o seridó Forró do Mané Vito, grande sucesso, na Victor, enquanto os Quatro Ases e Um Curinga lançavam o coco Derramaro o gai, na Odeon. Um ano depois, Luís Gonzaga gravou da dupla o baião Sabiá.

Em 1953 participou com o parceiro e com Paulo Roberto do programa No Mundo do Baião, na Rádio Nacional, do Rio de Janeiro. Outro destaque dos dois, O xote das meninas, foi gravado em 1953, na Victor, por Ivon Curi, cantor que lançaria ainda, com grande sucesso, Farinhada, desta vez sem parceria.

De 1955 data o rojão Forró de Caruaru, interpretado por Jackson do Pandeiro, em disco Copacabana. Diretor folclórico da Rádio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro, teve várias de suas composições com Luís Gonzaga regravadas por este em 1958.

Veja também:

Angelino de Oliveira / Cascatinha e Inhana / Dominguinhos / Humberto Teixeira / Luiz Gonzaga / Pedro Raimundo / Raul Torres / Regional, Cifras de música / Regional ou Sertaneja, A música / Teixeirinha / Tonico e Tinoco.


domingo, 9 de abril de 2006

Raul Torres

Raul Montes Torres, cantor e compositor, nasceu em Botucatu SP (11/7/1906) e faleceu em São Paulo SP (12/7/1970). Filho de espanhóis, nasceu e foi criado na cidade paulista de Botucatu, onde participava de pagodes e quermesses com amigos, cantando modas-de-viola. Para ingressar profissionalmente na vida artística, foi para São Paulo, arranjando de início emprego de cocheiro, com ponto no Jardim da Luz, mas cantava sempre que surgisse oportunidade, em cabarés, circos, teatros e bares. Ouvindo os sucessos da época, como Augusto Calheiros, Turunas da Mauricéia e Jararaca e Ratinho, mudou o estilo de cantar, adotando o gênero nordestino, principalmente as emboladas, que faziam grande sucesso.

Em 1927 entrou para a Rádio Educadora Paulista (depois Gazeta), que pela primeira vez reunia um elenco popular, em que figuravam Paraguaçu, Pilé, o violonista Canhoto e Arnaldo Pescuma, entre outros. No ano seguinte, com a inauguração da Rádio Cruzeiro do Sul (depois Piratininga), foi convidado a atuar no seu elenco, ao lado de Paraguaçu e Arnaldo Pescuma.

Em 1927 gravou seu primeiro disco no selo Brasilphone, de São Paulo, com a embolada Segura o coco, Maria e o samba Verde e amarelo, ambos de sua autoria. Na Columbia lançou, de sua autoria, Olha o rojão, além de Mauricéia (A. Portela e Marabá), com o Regional do Canhoto, Belezas de minha terra (com José Val) e O que tem o cotia e A festa do sapo (ambas de sua autoria). Nessa gravadora, em 1930 e 1931, na série caipira de Cornélio Pires, gravou com o pseudônimo de Bico Doce, acompanhado de Sua Gente do Norte, Galo sem crista, de sua autoria, e mais três composições.

No mesmo período, gravou também na Parlophon, com o nome de Raul Torres e os Turunas Paulistas, no gênero moda-de-viola, várias de suas composições, entre as quais Rola rolinha (com Atílio Grany), Oi Juvená, Caipira no mercado (com Atílio Grany e Arnaldo Pescuma), e o grande sucesso Olhos de morena, com acompanhamento do conjunto Os Chorões. Além dessas, a consagrada embolada Jacaré no caminhão, Saudade de Rio Pardo, interpretada em dupla com Azulão (Artur Santana), também apresentada na cena cômica de Genésio Arruda Uma festa no arraial. Destacaram-se ainda interpretações suas como o cateretê Não zanga comigo não (Nair Mesquita), gravado em dupla com a autora, pela Columbia, que passou a Continental posteriormente.

Em 1933 gravou pela Odeon Sereno cai, toada, com coro de Francisco Alves, Castro Barbosa, Moreira da Silva, Jaime Vogeler e Jonjoca, e a embolada Pisei no rabo do tatu. Lançou ainda a embolada Sururu no galinheiro e o jongo A morte de um cantador (ambas de sua autoria), interpretadas em dueto com Nestor Amaral. No mesmo ano conheceu João Pacífico, com quem formou dupla vocal, gravando, na Odeon, acompanhado pelo seu conjunto Embaixada, a embolada Seu João Nogueira, de autoria da dupla. Com a Embaixada lançou ainda Balança os cacho, sinhá, embolada do compositor e caricaturista cearense Manuel Queirós, e o clássico da música sertaneja Mestre carreiro (de sua autoria). Depois, formou um duo com seu velho amigo, de Botucatu, Joaquim Vermelho, com quem gravou na Odeon as modas-de-viola A codorninha e Sistema americano, composições da nova dupla, e Caninha verde (com Luís Machado). Com Florêncio, lançou em disco Apelido dos jogadores (com Palmeira).

Em 1935 gravou na Columbia a marchinha Dona Boa (Adoniran Barbosa e J. Aimberê) e, na Odeon, sua composição A cuíca tá roncando, batucada, sucesso no Carnaval carioca desse ano e premiada em Portugal. Transferiu-se em 1937 para a Victor, na qual, em dupla com seu sobrinho Antenor Serra, o Serrinha, gravou Cigana, moda-de-viola de sua autoria, com João Pacífico, a toada Chico Mineiro (Tonico e Tinoco e Francisco Ribeiro) e a moda-de-viola Adeus campina da serra (com Cornélio Pires). Depois, novamente em dupla com Serrinha, lançou a moda-de-viola Boiada cuiabana (de sua autoria), que se transformou em grande sucesso da dupla Tonico e Tinoco. Gravou ainda a famosa valsa Saudades de Matão (com Jorge Galati e Antenógenes Silva), em que formou trio com Serrinha e Mariano.

Em 1938, em dupla com Serrinha, gravou sua composição Balanceiro da usina, embolada, sendo, no mesmo ano, contratado pela Rádio Record de São Paulo. No ano seguinte, a dupla lançou em disco as toadas Do lado que o vento vai e Meu cavalo zaino, (ambas de sua autoria).

Em 1940, com João Pacífico, gravou Cabocla Tereza, Minas Gerais, toada, e A mulher e o trem, moda-de-viola, todas de autoria da dupla, o cateretê de sua autoria Trem de ferro, e a marcha Tem boi na linha (com Rui Martins). No ano seguinte, com Serrinha, lançou sua composição Mingirinha, de grande sucesso, e, em 1942 na Odeon, suas composições Mourão de porteira (com João Pacífico), grande sucesso, Campo Grande, Mulambaia, Conceição (com Aparício Cerqueira), Sexta-feira 13 (com Capitão Furtado), O rei mandou me chamar (autoria da dupla), Cadê minha morena (com João Pacífico) e Vamos pra São Manuel, entre outras. No ano seguinte, foram feitas na Continental as últimas gravações da dupla Raul Torres e Serrinha, como A Copa do Mundo, Meus padecimentos, Moda do viaduto e Quero vê... quero oiá (todas de sua autoria).

Depois de separados, tio e sobrinho ainda vieram a gravar as composições de sua autoria Cheguei na casa da véia, Eu fui passiá em São Paulo e Quando eu cantei no rádio. Formou então nova dupla, com João Batista Pinto, o Florêncio (Barretos SP 1910-), com quem já havia gravado dez anos antes, lançando em disco, em 1944, Pingo d'água e depois A moda da mula preta, clássicos da música sertaneja (ambas com João Pacífico).

A partir de 1945 fez poucas gravações, como Feijão queimado (com José Rielli), arrasta-pé de grande sucesso, principalmente nas festas caipiras, e posteriormente Enquanto a estrela brilhar (com João Pacífico).

Deixou em 78 rotações cerca de 204 discos com 398 gravações. Passou a dedicar-se mais ao rádio e fez na Rádio Record, de São Paulo, o programa Os Três Batutas do Sertão, formando o trio de mesmo nome inicialmente com Florêncio e José Rielli, e a partir de 1947, com Florêncio e Rielli Filho (Emílio Rielli).

Sua consagrada composição Mestre carreiro foi interpretada no filme Sertão em festa (Osvaldo de Oliveira, 1970), por Tião Carreiro e Pardinho. Em 1970, gravou com Os Três Batutas do Sertão, pela gravadora Vitória, o LP O maior patrimônio da música sertaneja, vindo a falecer alguns dias depois.

Algumas músicas


Veja também:

sábado, 8 de abril de 2006

Humberto Teixeira

Humberto Cavalcanti Teixeira, compositor e instrumentista, nasceu em Iguatu CE (5/1/1916) e faleceu no Rio de Janeiro RJ (3/10/1979). Sobrinho do maestro cearense Lafaiete Teixeira, desde criança interessou-se por música, sendo sua primeira composição a Valsa triste. Estudou bandolim em Iguatu, e fez secundário em Fortaleza CE, onde começou a aprender flauta com o maestro Antônio Moreira, da Orquestra Majestic. Aperfeiçoando-se no instrumento com seu tio Lafaiete, aos 13 anos teve sua primeira composição editada, Miss Hermengarda. Dois anos depois, deixou a capital cearense para fixar-se no Rio de Janeiro RJ.

Em 1934, seu samba Meu pedacinho ficou em quinto lugar no concurso carnavalesco de sambas e marchas da revista O Malho, classificando-se ao lado de Índio, Capiba, José Maria de Abreu e outros nomes. Continuou editando composições de vários gêneros, como valsas, toadas, modinhas e canções.

Em 1943, diplomou-se pela Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro, passando a exercer advocacia, paralelamente às atividades musicais. No ano seguinte teve sua primeira composição gravada, o samba apoteótico Sinfonia do café (com Lírio Panicali), por Deo e Coro dos Apicás, na Continental. Ainda em 1944, Natalina (com E. Guimarães) foi gravada pelos Quatro Ases e Um Curinga.

Em 1945 conheceu Luiz Gonzaga, que estava à procura de um letrista que se interessasse pelos ritmos nordestinos, pouco conhecidos no restante do país. Formada a parceria, escolheram o baião como ritmo ideal para iniciar a divulgação dos ritmos do Nordeste. Em 1946, foram gravadas Deus me perdoe e Só uma louca não vê (ambas com Lauro Maia), respectivamente, por Ciro Monteiro, na Victor, e Orlando Silva, na Odeon. Ainda nesse ano, lançou a primeira composição com Luiz Gonzaga, Baião, interpretada pelos Quatro Ases e Um Curinga em disco Odeon, em que apareciam instrumentos como acordeom, triângulo e zabumba, pouco divulgados no cenário musical da época, dominado pelo samba, samba-canção e ritmos importados.

O lançamento do primeiro baião teve grande sucesso e deu início a uma série de êxitos da dupla, que durou até inícios da década de 1950, como Asa branca, No meu pé de Serra, Mangaratiba, Juazeiro, Paraíba, Qui nem jiló, Baião de dois, Assum preto e Lorota boa, entre outros.

Por 1950 desfez a parceria, depois de eleito deputado federal, tendo obtido votação maciça no Ceará, após campanha apoiada por seu trabalho musical com Luiz Gonzaga. Em 1958 conseguiu a aprovação, pelo Congresso Nacional, da Lei Humberto Teixeira, para a formação de caravanas artísticas de divulgação da música popular brasileira no exterior. A primeira delas foi no mesmo ano para a Europa, integrada pelo conjunto Os Brasileiros, do qual faziam parte o Trio Yrakitan, os instrumentistas Abel Ferreira, Sivuca, Pernambuco, Dimas e o maestro Guio de Morais, apresentando-se em várias capitais. Seguiram-se várias caravanas, até 1964, sempre dirigidas por ele, que se tornou compositor internacionalmente conhecido, com obras gravadas em vários idiomas.

Em 1966, Asa branca foi regravada por Geraldo Vandré no LP Hora de lutar (RGE). A partir de 1967 reiniciou sua luta pelo direito autoral, sendo eleito, em 1971, vice-diretor da UBC. Um ano depois, o grupo baiano liderado por Gilberto Gil e Caetano Veloso interessou-se pelo baião, tendo incluído em seu repertório vários sucessos seus com Luiz Gonzaga. Na Philips, Caetano Veloso gravou Asa branca e Gal Costa Assum preto. Além disso, outras músicas da dupla foram incluídas em shows do grupo.

Teve mais de 400 composições gravadas por importantes intérpretes da nossa música, como Carmélia Alves, Orlando Silva e Araci de Almeida, entre muitos outros. Além de Luiz Gonzaga, Felícia Godói e Lauro Maia foram seus parceiros constantes, tendo composto ainda com Sivuca e com o maestro Copinha. Obteve grande sucesso com o baião, mas escreveu também sambas, marchas, xótis, sambas-canções e toadas.

terça-feira, 4 de abril de 2006

Antenógenes Silva

Antenógenes Silva
Antenógenes Silva (Antenógenes Honório da Silva), instrumentista e compositor nasceu em Uberaba MG, em 30/10/1906. Filho de serralheiro e respeitado sanfoneiro de oito baixos, fez os primeiros estudos em sua cidade natal, chegando apenas ao segundo ano do grupo escolar. Aprendeu a tocar os oito baixos e aos 14 anos compôs a primeira música, com o nome da namorada.

Em 1927 mudou-se para Ribeirão Preto SP, e iniciou carreira artística; em 1928 estava em São Paulo SP, onde começou a tocar no Bar Excelsior e na Rádio Educadora Paulista. Em 1929 gravou dois discos na Victor paulistana, com o choro Gostei de tua caída e a valsa Norma, ambas de sua autoria.

Em 1933 mudou-se para o Rio de Janeiro RJ, assinando contrato com a Victor. Tornou-se nacionalmente conhecido e fez tournée em Buenos Aires, Argentina.

Em 1934 passou a gravar na Odeon. Como acordeonista, acompanhou vários artistas, nacionais e internacionais, e foi o primeiro a tocar música lírica no Teatro Municipal. Aprendeu harmonia, solfejo e orquestração, e teve aulas com Guerra Peixe. Prosseguiu os estudos interrompidos na infância e, em 1949, formou-se em química industrial.

Em 1957, na Alemanha, no festival de gaitas Honner, ganhou o primeiro prêmio tocando sanfona de oito baixos, sendo reconhecido como um dos melhores do mundo.

Entre seus maiores sucessos estão as valsas Saudades de Matão (Jorge Galati e Raul Torres, com seu arranjo), em 1938, e Ave Maria (Erothides de Campos), com voz de Augusto Calheiros, em 1939. E, entre suas composições, destacam-se Pisando corações (com Ernani Campos), gravada com Augusto Calheiros, em 1936; as valsas Uma grande dor não se esquece (com Ernani Campos) e Santa Teresinha, gravada com Gilberto Alves, em 1943; Mês de Maria, em 1947, gravada com Alcides Gerardi; e muitas outras.

Conhecido como O Mago do Acordeom, gravou, de 1929 a 1963, cerca de 162 discos em 78 rpm, com 324 músicas, e vários LPs. Manteve por muitos anos, no Rio de Janeiro, uma escola de acordeom para profissionais, com cursos de teoria, solfejo e harmonia.

 Obras

Adeus mãezinha (com José Duduca de Morais), valsa, 1944; Bebê chorão (com Irani de Oliveira), marcha, 1941; O Carnaval é rei, s.d.; Uma grande dor não se esquece (com Ernâni Campos), valsa, 1940; Mês de Maria, valsa, 1947; Pisando corações (com Ernâni Campos), valsa, 1936; Santa Teresinha, valsa, 1944; Saudades de Matão (com Jorge Gallati e Raul Torres), valsa, 1937.

segunda-feira, 3 de abril de 2006

Chuá, chuá

O bonito e original guarda-roupa da revista "Comidas, Meu Santo!" de Marques
Porto e Ari Pavão, encenada no Teatro Recreio, do Rio de Janeiro, em 1925.

"Deixa a cidade formosa morena / linda pequena / e volta ao sertão... Estes versos sintetizam o tema de "Chuá, Chuá" - o eterno confronto cidade/sertão -, tema que se repete em vários outros clássicos do repertório nacional.

Francisco Petrônio e
Dilermando Reis

Destaca-se, porém, nesta canção um estribilho forte ("E a fonte cantá / chuá, chuá / e a água a corrê / chuê, chuê..."), fácil de cantar em terças, residindo aí, talvez, o motivo maior de sua popularidade.

Chuá, Chuá foi composto para a revista Comidas, meu Santo, encenada com sucesso no Teatro Recreio, no Rio de Janeiro, de junho a setembro de 1925.

Participantes dessa revista, os autores Pedro de Sá Pereira e Ari Pavão sempre tiveram seus nomes ligados ao meio teatral, o primeiro como maestro e compositor o segundo como libretista.

Chuá, chuá (canção, 1925)- Pedro de Sá Pereira e Ari Pavão

--------------E --------Db7---- Gbm ------B7------- Gbm--- B7------ E
Deixa a cidade formosa morena /--- Volta pro ameno e doce sertão
------------Abm7----- Db7---- Gbm -----B7-------- Gbm---- B7------- E
Beber a água da fonte que canta /--- Que se levanta do meio do chão
-----------------------Db7------ Gbm ------B7 --------Gbm --B7- Bm7-- E7
Se tu nasceste cabocla cheirosa /----- Buscando o gozo do seio da terra
---------------A------ D------ Abm --------Db7----- Gbm---- B7------ E
Volta pra vida serena da roça /----- Daquela palhoça do velho sertão

---------------------Db7 ----Gbm -----B7------- Gbm---- B7------ E
A lua branca de cor prateada /---- Faz a jornada no alto dos céus
--------------Abm7------ Db7------ Gbm--- B7 ------Gbm----- B7-------- E
Como se fosse uma pomba altaneira / ---Da cachoeira fazendo escarcéus
-----------------------------Db7----- Gbm ----B7----- Gbm ----B7 -Bm7- E7
Quando essa lua lá na altura distante /---- Lira ofegante no poente a cair
-------------------A ---------D -------Abm7 ---------Db7------ Gbm --------B7----- E
Dá-me essa trova que o pinho descerra / Que eu volto pra serra, que eu quero partir

-----------------Gbm7 --B7 ----Gbm7----- B7--------- E------------- Bm7
E a fonte a cantar: chuá . . .chuá / E as águas a correr: chuá . . .chuê . . .
------E7 ----------A---------- -D ------Abm7 -------Db7 ------Gbm7 ----B7-------- E
Parece que alguém que cheio de mágoa / Deixasse quem há de dizer que a saudade
--------Abm7 --Gbm----- B7------ E
No meio das águas rolando também (bis)

Tristezas do Jeca


Angelino de Oliveira
Conhecida também como "Tristeza do Jeca", esta toada nasceu em Botucatu em 1918, popularizando-se no interior paulista por volta de 1922. Então, gravada pela Orquestra Brasil-América (1924) e pelo cantor Patrício Teixeira (1926), ganhou o país, convertendo-se num dos maiores clássicos de nossa música sertaneja.


Tonico e Tinoco
Importante centro econômico do estado de São Paulo, Botucatu registrava já àquele tempo uma razoável movimentação artística, reunindo cantadores e músicos, entre os quais o autor da composição, Angelino de Oliveira. "Era um humilde tocador de violão e guitarra portuguesa", dizia o compositor Ariovaldo Pires (Capitão Furtado), amigo pessoal de Angelino. Com sua melodia e letra pungentes, "Tristezas do Jeca" canta as mágoas de um matuto apaixonado:

Tristeza do Jeca (toada, 1922) - Angelino de Oliveira (interpretação de Patrício Teixeira)

---D --------G ----------D -------------A7
Nestes versos tão singelos / Minha bela,
----------D----------- G----------- D------------ A7
Meu amor / Pra vancê quero contar meu sofrer
---------------D -----D7----
A  minha dor  ------


----G-------------------- D
Eu sou como o sabiá
-----------------B7----------- Em-------------- A7
Que quando canta é só tristeza / Desde o galho
----------------D
onde ele está (bis)


(refrão: )

----------A7------------------------------------ D
Nessa viola canto e gemo de verdade
------------A7------------------------------ D
Cada toada representa uma saudade

--D-------- G------------- D----------------- A7-------------- D
Eu nasci naquela serra / Num ranchinho a beira-chão
-------------------G-------- D------------- A7--------- D------- D7
Todo cheio de buraco / Onde a lua faz clarão


------G------------------- D-------------- B7---------- Em
Quando chega a madrugada / Lá no mato a passarada
--------A7------------ D
Principia um baruião (bis) (refrão)

---D -----G----------------- D
Lá no mato tudo é triste

------------A7------------ D
 
Feito o jeito de falar
-----------G -----------D -----------A7---------- D--- D7
Quando risco minha viola dá vontade chorar


--------------G -------------D ---------B7------------ Em
Não há um que cante alegre / Tudo vive padecendo
----------A7------------ D
Cantando pra aliviar    (bis) ( refrão )

domingo, 2 de abril de 2006

Na casa branca da serra


Segundo Almirante "se há uma modinha que se possa considerar tradicional no Brasil, esta é chamada “Na Casa Branca da Serra”, da autoria de Miguel Emílio Pestana, com versos de Guimarães Passos. Há dezenas de anos que “Na Casa Branca da Serra” tem sido ao mesmo tempo do repertório dos seresteiros de rua como das mais graciosas senhoritas nos elegantes saraus, já em desuso" (O Pessoal da Velha Guarda, 14-12-1950).

Na casa branca da serra (modinha, 1880) - Guimarães Passos e Miguel E. Pestana

Vicente Celestino

---C --------G7--------- C -
Na casa branca da serra
Dm--------------------- C-- C#º
Onde eu ficava horas intei-ras
Bbº----------------- F7M-- F#º
Entre as esbeltas palmei- ras
G7--------------C ---C7
Ficaste calma e feliz
--F7M------------F#º------ C-- C#º
Tudo em meu peito me des- te
---Dm -----------------C-- C#º
Quando eu pisei na tua ter- ra
------F7M---- F#º-------- C--- C#º
Depois de mim te esqueces- te
------G7--------- G/B ----C-- C#º- Dm- G7
Quando eu deixei teu país.

---C---------- G7-------- C--
Nunca te visse oh! formo-sa
----Dm ---------C --C#º
Nunca contigo falas- se
------Bbº---- -------- F7M-- F#º
Antes nunca te encontras- se
----G7------------- C---- C7
Na minha vida enganosa
----F7M------------ F#º-- C-- C#º
Por que não se abriu a ter- ra
---Dm--------- ---------- C-- C#º
Por que os céus não me puni- ram
------F7M ------------F#º-- C-- C#º
Quando os meus olhos te vi- ram
---G7-------- G/B------ C ----C#º Dm G7
Na casa branca da serra.

(Instrumental)

-----C------ G7--- C--
Embora tudo bendi-go
----Dm---------- C-- C#º
Desta ditosa lembran- ça
Bbº------------------ F7M- F#º
Que sem me dar esperan- ça
---G7----------------- C---- C7
De unir-me ainda contigo
------F7M ----F#º--- C-- C#º
Bendigo a casa da ser- ra
------Dm----- ------- C--- C#º
Bendigo as horas faguei- ras
----F7M -------F#º----- C-- C#º
Bendigo as belas palmei- ras
------G7 -----G/B--- C----- C#º Dm G7 C
Queridas da tua terra.