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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Jaime Caetano Braun


Jaime Guilherme Caetano Braun (Timbaúva-RS, 30/1/1924 — Porto Alegre-RS, 8/7/1999) foi um renomado payador (1), radialista e poeta do Rio Grande do Sul, prestigiado também na Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. Era conhecido como El Payador e por vezes utilizou os pseudônimos de Piraj, Martín Fierro, Chimango e Andarengo.

Jaime nasceu na Timbaúva (hoje Bossoroca), na época distrito de São Luiz Gonzaga, na Região das Missões no Rio Grande do Sul. Durante sua carreira fez diversas payadas, poemas e canções, sempre ressaltando o Rio Grande do Sul, a vida campeira, os modos gaúchos e a natureza local. Sonhava em ser médico mas, tendo apenas o ensino médio, se tornou um autodidata principalmente nos assuntos da cultura sulina e remédios caseiros, pois afirmava que "todo missioneiro tem a obrigação de ser um curador".

Aos 16 anos mudou-se para Passo Fundo, onde viveria até os 19 anos. Nessa cidade, completou seus estudos no Colégio Marista Conceição e serviu ao Exercito Brasileiro. Foi membro e co-fundador da Academia Nativista Estância da Poesia Crioula, grupo de poetas tradicionalistas que se reuniu no final dos anos 50, na capital gaúcha.

Trabalhou, publicando poemas, em jornais como O Interior e A noticia (de São Luiz Gonzaga). Passa dirigir em 1948 o programa radiofônico Galpão de Estância, em São Luiz Gonzaga e em 1973 passa a participar do programa semanal Brasil Grande do Sul, na Rádio Guaíba. Na capital, o primeiro jornal a publicar seus poemas foi o A Hora, que dedicava toda semana uma página em cores aos poemas de Jaime.

Como funcionário público trabalhou no Instituto de Pensões e Aposentadorias dos Servidores do Estado e ainda foi diretor da Biblioteca Pública do Estado de 1959 a 1963, aposentando-se em 1969. Na farmácia do IPASE era reconhecido pelo grande conhecimento que tinha dos remédios.

Em 1945 começa a atuar na política, participando em palanques de comício como payador. O poema O Petiço de São Borja, publicado em revistas e jornais do país, fala de Getúlio Vargas. Participa das campanhas de Ruy Ramos, com o poema O Mouro do Alegrete, como era conhecido o político e parente de Jaime. Foi Ruy Ramos, também ligado ao tradicionalismo, que lançou Jaime Caetano Braun como payador, no 1º Congresso de Tradicionalismo do Rio Grande do Sul, realizado em Santa Maria no ano de 1954.

Casou duas vezes, em 1947 com Nilda Jardim, e em 1988 com Aurora de Souza Ramos. Teve três filhos, Marco Antônio e José Raimundo do primeiro casamento, e Cristiano do segundo. Veio a falecer de parada cardíaca em 8 de julho de 1999, em Porto Alegre. Seu corpo foi velado no Palácio Piratini, sede do governo sul-riograndense, e enterrado no cemitério João XXIII, na capital do estado.


Obra

Lançou diversos livros de poesias, como Galpão de Estância (1954), De fogão em fogão (1958), Potreiro de Guaxos (1965), Bota de Garrão (1966), Brasil Grande do Sul (1966), Passagens Perdidas (1966) e Pendão Farrapo (1978). Em 1990 lança Payador e Troveiro, e seis anos depois a antologia poética 50 Anos de Poesia, sua ultima obra escrita. Publicou ainda um dicionário de regionalismos, Vocabulário Pampeano - Pátria, Fogões e Legendas, lançado em 1987.

Gravou CDs e discos, como Payador, Pampa, Guitarra, antológica obra em parceria com Noel Guarany. Sua ultima obra lançada em vida foi o disco Poemas Gaúchos, com sucessos como Payada da Saudade, Piazedo, Remorsos de Castrador, Cemitério de Campanha e Galo de Rinha.

Entre seus poemas mais declamados pelos poetas regionalistas do país inteiro, destacam-se Bochincho, Tio Anastácio, Amargo, Paraíso Perdido, Payada a Mário Quintana e Galo de Rinha.


(1) Payada é uma forma de poesia improvisada vigente na Argentina, no Uruguai, no sul do Brasil e no Chile (onde chama-se Paya). É uma forma de repente em estrofes de 10 versos, de redondilha maior e rima ABBAACCDDC, com o acompanhamento de violão.

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