Tonico e Tinoco - Dupla sertaneja formada por João Salvador Pérez, o Tonico (São Manuel SP 1919-São Paulo SP 1994) e José Pérez, o Tinoco (Botucatu SP 1920-). Em 1930, quando a família Pérez trabalhava na fazenda Tavares, em Botucatu, os dois irmãos ouviram discos da série caipira de Cornélio Pires. João frequentava a escola rural e dava lições para os colonos mais velhos, que lhe pagavam com frutas, rapadura, melado e dinheiro.
Cinco anos depois, juntada a quantia de 10 mil-réis, compraram uma viola feita a canivete e passaram a cantar em dupla, formando conjunto nos arrasta-pés e serenatas. Em 1938 a família foi trabalhar na pedreira Santa Helena e na fábrica de tecidos Santa Maria, em Sorocaba SP, seguindo depois para a fazenda São João de Sintra, em São Manuel, onde encontraram o primeiro incentivo na pessoa de José Augusto de Barros, administrador da propriedade. Por seu intermédio, foram à Rádio Clube de São Manuel e apresentaram-se cantando Namoro de velhos, sendo convidados para cantar na emissora aos domingos, sem remuneração.
Em 1943 foram para São Paulo SP, acompanhados do primo Miguel Pérez, e inscreveram-se no programa de calouros comandado por Chico Carretel (Durvalino Peluzo), na Rádio Emissora de Piratininga, mas o sucesso esperado não veio dessa vez. O Capitão Furtado, que estava sem violeiro em seu programa Arraial da Curva Torta, na Rádio Difusora, promoveu então um concurso para preencher a vaga: os dois, juntamente com seu primo, candidataram-se com o nome provisório de Trio da Roça, cantando o cateretê Tudo tem no sertão (Tonico).
Classificados para a final, interpretaram de Raul Torres e Cornélio Pires Adeus, campina da serra, conquistando o primeiro lugar; sem o primo, foram batizados pelo Capitão Furtado como Tonico e Tinoco. A dupla estreou em disco, na Continental, em 1945, com o cateretê Em vez de me agradecer (Capitão Furtado, Jaime Martins e Aimoré). Bem sucedida com essa gravação, que serviu de teste, gravou seu primeiro disco completo, a moda-de-viola Sertão do Laranjinha, motivo popular adaptado pela dupla e Capitão Furtado, e Percorrendo o meu Brasil (com João Merlini), que foi sucesso imediato.
No mesmo ano destacam-se também Canoeiro (Zé Carreiro), uma das músicas mais importantes do cancioneiro caboclo, e Cana verde (de sua autoria). Desde então, tornou-se a dupla sertaneja mais famosa do país.
Em 1945 lançou Chico Mineiro (com Francisco Ribeiro), principal sucesso entre inúmeras gravações. No ano seguinte, vieram Rei do gado (Teddy Vieira) e Boi de carro (Anacleto Rosas Júnior).
Em 1947 a dupla participou da gravação do primeiro 33 rpm do gênero sertanejo, o LP Arraial da curva torta, com o cateretê Tudo tem no sertão (de sua autoria). No ano seguinte, foi a vez de Destinos iguais (Capitão Furtado e Ochelsis Aguiar Laureano).
Em 1947 a dupla participou da gravação do primeiro 33 rpm do gênero sertanejo, o LP Arraial da curva torta, com o cateretê Tudo tem no sertão (de sua autoria). No ano seguinte, foi a vez de Destinos iguais (Capitão Furtado e Ochelsis Aguiar Laureano).
Em 1950 a dupla lançou Arrasta-pé na tuia e Baianinha (ambas de sua autoria), e foi para o programa Na Beira da Tuia, da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro RJ, transferindo-se para a Philips um ano depois, quando gravou Canta moçada (Tonico e Nhô Fio), Boiada (Zé Paioça, o Fernandes Bortolon), Mourão da porteira (Raul Torres e João Pacífico) e Moreninha linda (Tonico, Priminho e Maninho).
Em 1952 surgiram Gaúcha alegre (Tonico e Zé Carreiro) e Chofer de caminhão (Tonico e Ado Benatti). Mudando-se para a Victor, a dupla gravou Viola cabocla (Tonico e Piraci) e Seresteiro do sertão (Tonico e Garrafinha), em 1953; Querer bem (Irmãos Mota), Pé da letra (Tonico e Augusto Altran) e Presépio (Tonico), em 1954; Canoeiro do mar(com José Alencar Borges), Carreiro triste (Tonico e Bolinha, o Euclides Pereira Rangel), em 1955.
No ano seguinte transferiu-se para a Chantecler, gravando Cabelo de trança (Tonico e Zé Paioça), Rei dos pampas (Raul Torres) e Pinho sofredor (Segisfredo M. Camargo e Capitão Furtado); em 1957, Adeus Mariana (Pedro Raimundo) e, um ano depois, Brasil caboclo (Tonico e Walter Amaral) e Artista de circo (Zé Tapera e Zé Fortuna).
A dupla voltou para a Continental em 1959, quando foram lançadas Maldita cachaça (Tonico, Ana Maria Pereira e Capitão Furtado), Boiadeiro do Norte (Zulmiro) e Fim de baile (Tonico e Zé Paioça). Do ano seguinte são Fandango mineiro (Zé Carreiro e Carreirinho) e Barqueiro (Tonico).
Em 1961 gravaram Meu sertão (Tinoco e José Lopes), trabalhando ainda no filme Lá no sertão, de Eduardo Llorente. Três anos depois, gravou, com a participação de Araci de Almeida, o cateretê de Mário Vieira Tô chegando agora. Em 1963, lançou na Continental o Último roubo (Tonico e Capitão Furtado). No ano seguinte Tonico adoeceu, sendo substituído nos shows pelo irmão mais novo, Francisco Pérez, o Chiquinho. Novamente reunida, a dupla não concordou com a imposição da gravadora de incluir acompanhamento de guitarras elétricas nas gravações sertanejas e parou de gravar.
A Continental relançou então velhos sucessos do duo para atender aos pedidos dos lojistas. Quando a dupla voltou a gravar, lançou pela Continental alguns sucessos obtidos na Chantecler, como o arrasta-pé Curitibana (Tonico e Pirigoso) e Saudade da estância (Capitão Furtado e Frontalini).
Em 1965 a dupla fez o filme Obrigado a matar, de Eduardo Llorente, e três anos depois, ainda na Continental, gravou o LP Vinte e seis anos de glória, transferindo-se para a Rádio Bandeirantes. Em 1969, lançou o LP Vinte e sete anos de Tonico e Tinoco, de Tonico e Capitão Furtado, incluindo velhos sucessos imortalizados por vários intérpretes: Maringá (Joubert de Carvalho), Luar do sertão (Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco), Chuá, chuá (Pedro de Sá Pereira e Ari Pavão), Tristezas do jeca (Angelino de Oliveira), Saudades de Matão (Francana) (Jorge Gallatti, Raul Torres e Antenógenes Silva) e Boiada cuiabana (Raul Torres).
No ano seguinte, prestou homenagem a Raul Torres, interpretando, deste, Moda da mula preta e Segredo se guarda, e Pingo d'água e Chico Mulato (ambas com João Pacífico). No mesmo ano, atuou no filme A marca da ferradura, de Nelson Teixeira Mendes.
Em 1971 lançou Transamazônica (Tonico e José Caetano Erba) e a toada Pra frente, sertão (Tonico, Capitão Furtado e Sílvio Toledo). Em 1972 a dupla comemorou 30 anos de carreira, gravando o LP Adeus, campina da serra e participando do filme Luar do sertão, de Osvaldo de Oliveira. No ano seguinte novo LP, em que se destaca Azul cor de anil (Arlindo Santana), ao qual se sucederam quatro LPs em 1974, sobressaindo a composição Salve Campos do Jordão (Tonico e Mamarama, o Mário Mauro Ramos Matoso). Um ano depois, mais quatro LPs, incluindo Motorista do progresso (Teixeirinha) e Trinta e três anos, poema de Mamarama, contando a vida artística da dupla.
Cantando em todos os canais de televisão de São Paulo, com programa exclusivo na TV Bandeirantes, a dupla excursionou pelos Estados do Centro e Sul do país. Sempre preferiu, entretanto, as estações de rádio, onde atuou com programas exclusivos na Tupi, na Nacional e na Bandeirantes, todas de São Paulo. Em julho de 1979 apresentaram-se com sucesso no Teatro Municipal de São Paulo e comemoraram o feito com o LP A viola no teatro (Continental, 1979), com faixa-título de Tonico e José Caetano Erba. As gravações da dupla chegam a mais de 700 músicas.
Algumas músicas
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha, SP, 1998.
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