Barbosa Lessa |
Barbosa Lessa (Luís Carlos Barbosa Lessa), compositor, escritor, folclorista e radialista, nasceu em Piratini, RS, em 13/12/1929, e faleceu na cidade de Camaquã, RS, em 11/03/2002. Gostava de música desde criança, aprendendo piano com a mãe, Alda. Aos 18 anos, em Porto Alegre RS, começou a compor, interessando-se logo em seguida por temas folclóricos gaúchos. Dos 20 aos 23 anos dedicou-se à pesquisa e adaptação de músicas do folclore local, embora continuasse compondo, particularmente sobre temas regionais gaúchos.
Em 1953 tinha um programa sobre música regional na Rádio Farroupilha. Procurado pelo Conjunto Farroupilha, que havia recebido convite da etiqueta carioca Rádio para gravar o segundo LP de uma série, com música gaúcha, entregou-lhes várias composições suas, entre elas o Negrinho do pastoreio, usada na abertura do seu programa. A música, depois de gravada, tornou-se característica do conjunto em suas apresentações.
Em 1954 mudou-se para São Paulo, SP, onde entrou em contato com a cantora Inezita Barroso, que então começou a divulgar danças gaúchas em programas de rádio e televisão, além de discos (vide o LP Inezita Barroso com o Grupo Folclórico Barbosa Lessa, logo abaixo). No mesmo ano foi um dos fundadores da SADEMBRA. Com Paixão Cortes recolheu várias canções folclóricas gaúchas, gravadas em 1955: O anu, Balaio, Cana verde, Chimarrita-balão, Maçanico, Pezinho, Quero-mana, Tatu, O xótis (Xótis da laranjeira) etc.
Por 1956 passou por sua única experiência como cantor, quando compôs e interpretou no filme Cara de fogo, de Galileu Garcia, duas canções, Moço, ei moço! e Entrevero no jacá, esta em parceria com Danilo de Castro. No mesmo ano compôs outro tema regional gaúcho para o filme O sobrado, de Walter Georges Durst e Cassiano Gabus Mendes.
Em 1957, ano do lançamento de Cara de fogo, chegou a gravar um 78 rpm pela RGE, com Entrevero no jacá e Dezoito de Junho, esta em parceria com José Manzano Filho. Um ano depois compunha Terra morna, Generoso e Feitiço Índio, para o filme Paixão de gaúcho, de Walter Georges Durst. Depois passou dois anos realizando o levantamento do folclore musical-coreográfico de todo o país, do Amazonas ao Rio Grande do Sul.
Entre 1958 e 1960, também promoveu shows em que às vezes se apresentavam Os Titulares do Ritmo, conjunto que convidaria, em 1962, para gravar o LP O Rio Grande do Sul ou O gaúcho canta, que produziu e foi lançado pela Fermata, com arranjos do maestro Francisco Morais. Em 1962 realizou, no centro de São Paulo, uma feira de arte popular, que reuniu artistas de todo o Brasil.
Publicou: Chimarrão, São Paulo, 1953; O boi das aspas de ouro, Porto Alegre, 1958; Os guaxos, Rio de Janeiro, 1959; Cancioneiro do Rio Grande, São Paulo, 1962. Em colaboração com Paixão Cortes, publicou ainda Manual de danças gaúchas, com suplemento musical e ilustrativo, Porto Alegre, 1956 (2 ed., São Paulo, 1969; 3 ed., São Paulo, 1968), e Danças e andanças da tradição gaúcha, Porto Alegre, 1975 (2’ ed., Porto Alegre, 1975).
Em 1974, retornou a Porto Alegre, onde permaneceu até 1987, ano em que, aposentando-se, transferiu-se para Camaquã RS, ali mantendo com sua esposa uma reserva ecológica particular. Em 1979 foi convidado pelo governador Amaral de Sousa para trabalhar na área da cultura. Como secretário estadual da Cultura, idealizou e pré-inaugurou em 1983 a Casa de Cultura Mário Quintana.
Depois que retornou ao Rio Grande do Sul, desenvolveu grande atividade literária, dedicando-se principalmente à história e a temas regionais, publicando, entre outros, Porto Alegre: Terra gente, Porto Alegre, 1976; Usos e costume gaúchos, Porto Alegre, 1978; O gaúcho ontem e hoje, Porto Alegre, 1979; Problemas brasileiros, uma perspectiva histórica (2 vols.), Porto Alegre, 1980; Calendário histórico-cultural do RS, Porto Alegre, 1981; Rio Grande do Sul, prazer em conhecê-lo, Porto Alegre, 1984; Aspectos da sociabilidade do gaúcho (com Paixão Cortes), Porto Alegre, 1985 e Almanaque dos gaúchos, Porto Alegre, 1997. Atuou também em emissoras de rádio, TV e como roteirista de cinema e redator de histórias em quadrinhos.
Izezita Barroso com o Grupo Folclórico Barbosa Lessa. |
Obra
Canção do tropeiro, toada, 1960; O carreteiro, toada, 1948; Chamarra do Calaveira (c/Heleno Jimenez), chimarrita, 1982; Chula (c/Paixão Cortes), dança, 1953; Despedida, toada andante, 1962; Dezoito de Junho ou Alma do Rio Grande (c/José Manzano Filho), 1961; Feitiço índio, missioneira, 1958; Generoso, toada, 1958; Hino tradicionalista, marcha, 1998; João-de-barro, valsa, 1961; Kerb no céu, valsa, 1974; Milonga do casamento, 1956; Negrinho do pastoreio, toada, 1948; Passarinho bem-querê, missioneira, 1962; Pôr-do-sol no Guaíba, marcha-rancho, 1974; Quando sopra o minuano ou Levanta, Gaúcho!, missioneira, 1961; Redondo, Sinhá! (c/Paixão Cortes), sobre tema popular, 1954; Tiaraju, toada andante, 1961; Trago a filha na garupa, toada, 1962.
Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e PubliFolha.
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