Despertar do Sertão (canção, 1955) - Elpídio dos Santos e Pádua Muniz
A barulheira incessante da cascata
Um sabiá cantando alegre lá na mata
O sol que nasce por de trás do verde monte
Unindo a terra com o céu, no horizonte
A natureza sempre alegre e tão festiva
Num prazer ruidoso, comunicativa
O arvoredo com a música dos ninhos
Forma um poema à beira dos caminhos.
Ai, ai, ai
Mas como é lindo o despertar do meu sertão
Ai, ai, ai,
Benção Nhá Mãe, Benção Nhô Pai,
Bom dia irmão!
Já é manhã, as aves enamoradas
Falam de amores no alto das ramadas
O caboclo, ligeiro deixa a palhoça
Pega na enxada e vai cuidar da sua roça
A caboclinha tão bonita, um coração
Corre toda aflita cuidar da criação
Tudo se agita em doce harmonia
Assim no meu sertão começa um novo dia.
Ai, ai, ai
Mas como é lindo o despertar do meu sertão
Ai, ai, ai
Benção Nhá Mãe, Benção Nhô Pai
Bom dia irmão!
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quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Galanteios e milongagens
Galanteios e milongagens
Fontes: Jangada Brasil / (Lopes Neto, João Simões. Cancioneiro gaúcho, p.111-115).
1 Tua carinha mimosa, Teu corpinho delicado Os teus olhos feiticeiros Me trazem abichornado. 2 Neste capão tem um bicho Que se chama solidão Junto dele mora um anjo Que roubou meu coração. 3 Lá no arroio está chovendo, No capão está trovejando Por via daquela ingrata, Meu coração está penando. 4 Toda volta dos arroios Procura o seu natural; Não sei que voltas darei Que tu não leves a mal 5 Eu pedi a uma morena Que me desse uma boquinha A chinoca respondeu: - Esta boca não é minha 6 Um beijo, quando é bem dado, Daqueles que eu dava e dou, Faz uma amante dizer: — Mais outro, que esse mermou. 7 Touro xucro e cupinudo, Sozinho tenho matado; Só não pude inda vencer Quem me traz todo enredado. 8 Quando estou longe de ti E dói-me a separação, Começo logo a berrar Como um terneiro mamão. 9 Quando passas nas coxilhas, As ancas se boleando, Até as folhas ,e flores Vão todas se requebrando. 10 O veado quando corre Deita a orelha e vai pulando; Meu amor, quando me enxerga, Vem toda se requebrando 11 Assim que te vi, chinoca, Fiquei te querendo bem, E ando de boca fechada, Sem dizer nada a ninguém. 12 A açucena quando nasce Toma conta do jardim; Também eu ando campeando Quem tome conta de mim. 13 Adeus, meus amados pagos Lugar onde eu passeava, Vivia alegre e contente Quando com meu bem estava. 14 Estou me lembrando agora Dos pagos do meu rincão; Amores que foram meus, Agora de quem serão? 15 As correntezas do rio Torcem os paus da balsa; Tu também és inconstante E, como as águas, és falsa. 16 Papagaio, pena verde, Dos encontros cobrados; Meu amor, diz se me queres, Não me tragas enganado. 17 Andorinha do coqueiro, Dá-me novas do meu bem, Diz-me se é vivo ou morto, Se está nos braços de alguém. 18 Em cima daquele cerro Tem uma sela dourada Para assentar meu amor Com divisa cobrada. 19 Eu vivo tão preso ao laço Do amor, que tu me atiras, Que me parecem teus braços Palanques de guajuvira! 20 Quando eu vim de lá de fora, Oito dias de viagem; Trocar um amor por outro? Eu não tenho essa coragem. 21 És branca como jasmim, Cobrada como a rosa; Por teu amor eu daria Minha terneira barrosa. 22 No oco de uma figueira Achei um ninho de anu; Para negar o que fazes, Ninguém melhor do que tu. 23 O aguapé da Lagoa Floresce da cor do luto; Se é por ti que ando chorando, Como tens o rosto enxuto? 24 Tenho o meu laço de fita E as minhas bolas de prata; Pois nem assim eu pealo O coração desta ingrata. 25 Já não ando enrabichado, Não arrasto o meu cambão; Aos bamburrais da tristeza Foi-se o pobre coração.
Fontes: Jangada Brasil / (Lopes Neto, João Simões. Cancioneiro gaúcho, p.111-115).
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